Os caminhos que conduziram a este livro se parecem, em boa medida, com o trilhado por milhares de haitianos que optaram por – ou se viram obrigados a – deixar sua nação para trás e recomeçar a vida em terra nova. Eles não sabiam o que lhes esperava do lado de cá do oceano, mas, de certo modo, sentiam que tinham que vir. Movidos por instinto, necessidade ou sonhos – ou, talvez, por tudo isso –, lançaram-se nesta saga, na esperança de dias melhores. De recomeço. Rekòmanse, como dizem os haitianos, em sonoro creole. Aqui na outra ponta, o fotógrafo Brunno Covello também não tinha certeza de onde chegaria quando, com lentes em punho, começou a acompanhar a rotina dos migrantes do Haiti que aportavam em Curitiba e região metropolitana, no Paraná. Algo lhe dizia, no entanto, que precisava continuar, que precisava ir além. Mas ir para onde? Foi para dentro. Mais que clicá-los, imergiu naquele universo que se lhe apresentava. Foi quase um chamado vocacional, que aceitou de peito aberto. Disse “sim”. A partir daí, tudo fez sentido.